O que acontece se um país enrijecer suas normas de importação? E o que vai acontecer se o seu negócio depender de insumos importados, e de repente surgirem novos tipos de taxação e gargalos alfandegários, ou se os exportadores romperem com um eventual novo governo?
Estas e muitas outras questões extrapolam as fronteiras políticas e econômicas de um país, pois estão intimamente vinculadas a decisões e estratégias de outros players globais. E cabe ao CEO perceber o ambiente incerto que o cerca, bem como diversos outros fatores – dentre eles, os discursos protecionistas,cada dia mais frequentes e elevados –, e direcionar os caminhos da organização para a melhor estratégia possível.
No Brasil, iremos às urnas em outubro próximo para escolher legisladores estaduais e federais, Presidente da República e Governadores de Estado. Quais são as reais propostas dos principais players da disputa? O que de fato pensam sobre acordos bilaterais, abertura ou reserva) de mercado, atração de capital estrangeiros para investimento, desburocratização para exportar ou importar? E como essas mesmas questões são vistas pelos nossos principais parceiros comerciais em escala global? Todos esses aspectos ganham relevância redobrada no novo mundo em que vivemos, alçando a Geopolítica ao mesmo patamar de importância de questões como identificação de concorrência e público-alvo, taxas de retorno, investimentos em tecnologia etc.
Economia, mercado e política são elos de uma mesma cadeia, indutores de decisões e determinantes de rumos. Os líderes empresariais globais que ignorarem esse fato e continuarem com os mesmos métodos de gestão e planejamento correrão o sério risco de “ficar pelo caminho”, engolidos pelos concorrentes que detectarem novos movimentos com muito mais eficiência e seriedade.
E planejar, claro, requer tempo – daí a necessidade de antecipar diferentes cenários e traçar estratégias adequadas aos mais prováveis. “Correr atrás do prejuízo” e “esperar para ver” é justamente aquilo que deve ser evitado.
Antecipar-se é a ação, a ordem do dia: o atual modus operandi da empresa – de seu suprimento de insumos à localização de seu call center (muitos ficam em outros países) podem ser afetados pela mudança X, Y ou Z do cenário geopolítico? A estrutura atual suportaria bem a perda de um, dois ou mais parceiros comerciais, caso alguma mudança dessa envergadura pudesse advir da vitória, por exemplo, de políticos protecionistas em países importadores?